Grau de qualidade da safra e recomendações para os produtores

Presidente da Comissão Julgadora do 28º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, o Dr. Aldir Teixeira conversou conosco sobre a qualidade da safra 2018/2019 e forneceu algumas dicas aos cafeicultores. Leia na conversa abaixo:

Do que o senhor tem visto nas visitas de campo neste ano, o que esperar dos cafés para o 28º Prêmio e que chegarão para os consumidores nos próximos meses?

2018 é um ano excepcional para a qualidade do café*. Tivemos uma chuva bem distribuída na época em que o café precisava de chuva, e seca quando precisava de seca. Estamos tendo um ano de qualidade muito alta. Será muito difícil escolhermos os três finalistas nacionais, mesmo até definir os 40 finalistas. O clima ajudou, mas é lógico que conta também o aprimoramento e os ensinamentos que os produtores receberam. Atualmente temos um contingente muito alto produzindo café descascado, isso favorece não só a illycaffè, mas também os demais compradores.

*Observação: essa avaliação do Dr. Aldir vai ao encontro de uma reportagem publicada no jornal Valor Econômico no dia 21 de agosto, intitulada Uma safra de café que ficará na memória. Diz o texto: “Cafeicultores, exportadores e indústria ouvidos pelo Valor são unânimes em dizer que a qualidade dos cafés colhidos nesta temporada é a melhor já vista em muitos ciclos”.

(crédito da imagem: Veloso Green Coffee)

Alguma recomendação para os produtores?

Como engenheiro agrônomo, eu sempre digo que a cafeicultura é lucrativa no momento em que você faz uma lavoura tecnicamente produtiva e aplica os conhecimentos agronômicos para isso e com qualidade. Se você seguir esse binômio, produtividade e qualidade, você pode plantar café.

Há pequenos detalhes que podem mudar a qualidade do café sem aumentar os custos de produção. São detalhes técnicos muito importantes para quem trabalha com café, e o produtor muitas vezes não os vê. Por exemplo, fui a uma fazenda recentemente, havia um galpão onde estava de um lado o secador, do outro lado a tulha, do outro as máquinas de benefício. Secador junto com tulha é um desastre, eles precisam estar em ambientes completamente separados. Como a máquina de benefício trabalha dia e noite, quando você acende a luz desse galpão, acende tudo ao mesmo tempo, inclusive na tulha. Sendo que o café na tulha precisa de escuridão. Quando ele está descansando, é igual a nós: não quer luz, calor nem umidade. Às vezes é um puro detalhe de se fazer as luzes acenderem em série, por fases, coisa que no dia seguinte o produtor já pode providenciar.

Caros sócios, fica então essa valiosa recomendação: a atenção dos detalhes faz a diferença!