Cafeicultoras de destaque – Cristiane Zancanaro

Ao longo dos 30 anos de Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso e mais de 20 anos de Clube illy do Café, foi notável a revelação de mulheres que se destacaram. Felizmente, de 30 anos para cá a valorização feminina na cafeicultura vem numa crescente e produzindo excelentes frutos. Conheça mais uma dessas talentosas produtoras:

Cristiane Zancanaro Simões

A paranaense Cristiane começou sua trajetória profissional no Direito, atuando como advogada na parte trabalhista. Havia realizado o sonho de juventude, mas a experiência na área foi trazendo mais frustrações do que alegrias. Até que um momento específico em 2014 mudou esse rumo. “A minha família já plantava café mas eu cuidava da parte trabalhista da fazenda. Depois de uma viagem para o Chile, na qual engravidei do meu terceiro filho, me apaixonei pelos pés de cafés plantados na fazenda e entrei de cabeça nesse universo encantador”, conta ela.

A propriedade a que ela se refere é a Fazenda Nossa Senhora de Fátima, em Cristalina, interior de Goiás e próxima ao Distrito Federal. Onde a família Zancanaro, capitaneada pelo pai Gelci, abraçou a cafeicultura. “Somos 5 filhos. Hoje trabalham no negócio, além dos meus pais, meu irmão mais velho que é o engenheiro agrônomo da fazenda, minha irmã mais velha que é a arquiteta e faz todos os projetos que precisamos para lá, eu na parte da gestão do café especial e minha irmã mais nova que é administradora. Além disso, meu sobrinho mais velho também é engenheiro agrônomo e acompanha meu irmão nessa empreitada. Apenas uma irmã não trabalha diretamente no negócio, mas é conselheira, tem poder de voto e decisão”, explica Cristiane.

Ao mergulhar fundo na lida com o café, ela implantou mudanças no pós-colheita e na separação dos lotes, testou, comprovou os bons resultados e foi conseguindo dar o seu toque pessoal ao negócio. Rapidamente as conquistas vieram. “Na safra de 2015 nos inscrevemos no 25° Prêmio Ernesto Illy de Qualidade para Espresso e ganhamos o primeiro lugar regional! Foi incrível! Lembro até hoje o susto que levei!”, relembra. Na época, o prêmio foi obtido por Gelci, mas quando a filha conseguiu a inscrição estadual da empresa em seu nome, ela pôde concorrer nominalmente também.

“Um momento que marcou muito a minha vida e minha trajetória no café e com a illy foi quando em 2019 (safra 2018) ganhei meu primeiro prêmio (2º lugar regional). Até então, apesar de eu cuidar de toda a parte do café especial, eu não tinha conseguido ainda minha inscrição estadual dentro da empresa. Foi um momento extraordinário que me mostrou que, como mulher, eu havia conquistado meu espaço”.

Sobre a presença feminina na cafeicultura, Cristiane comprova que a luta por esse protagonismo é árdua. “Ano passado, por exemplo, contratamos nossa primeira tratorista mulher. Sempre tivemos muita dificuldade em contratar mulheres com esse tipo de capacitação. Sempre contratamos mulheres para os trabalhos manuais mas nunca tínhamos achado uma mulher capacitada para este serviço. Ela ficava no alojamento próprio para mulheres, um passo muito grande para nós”. A produtora faz sua parte, desperta nos filhos o desejo de integrar o mesmo universo e vai distribuindo as sementes de quem trabalha com dedicação e amor pelo café.

-> Conheça outra produtora de destaque: Ucha (Carmem Lúcia Chaves de Brito)